domingo, 30 de junho de 2013

A RUPTURA

 
 
1) O desemprego gera pobreza, o emprego gera prosperidade!

2) O capital não cria empregos, os empregos é que criam capital!

3) Os encargos sociais com o desemprego sobrecarregam a economia, o emprego, pelo contrário, estimula a economia!


Estes são os três pontos do programa que levou o partido Nazi à vitória eleitoral em 1932, quando alcançou 38% dos votos.

O partido Nazi derrotou estrondosamente os partidos burgueses e o SPD, os quais tinham sustentado a política austeritária dos anos anteriores que tinham levado a Alemanha a 30% de desemprego, à miséria e à recessão.

Foi por prometer a ruptura “patriótica” com a austeridade que o partido Nazi venceu.

Como aconteceu com os Nazis em 1932, será muito fácil, se a esquerda não souber afirmar um discurso verdadeiramente revolucionário, ser a direita ou a extrema-direita a ter a habilidade, com a sua demagogia populista e socializante, de lucrar politicamente com uma política anti-austeritária.

Este facto obriga a uma profunda análise por parte dos trabalhadores e da sua vanguarda revolucionária em Portugal.

Ciente dos ensinamentos da História, não chegará à vanguarda revolucionária dos trabalhadores propor uma ruptura com a austeridade, prometendo emprego e melhor qualidade de vida.

É fundamental um enquadramento político que vá muito para além dessa ruptura.

É fundamental que o discurso à esquerda enquadre a necessária ruptura como um epifenómeno do Poder Popular efectivo, de uma Democracia Interventiva por oposição a um Democracia Participativa, da prossecução da Reforma Agrária, da organização do Controlo Operário, da Revolução Socialista.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

O BOM GOVERNO DE PORTUGAL!!!

 

Uma das coisas eticamente mais condenáveis é a calúnia, ainda por cima se gratuita.
O governo de Portugal tem sido injustamente caluniado e vilependiado na praça pública, sendo apelidado, a maior parte das vezes, de incompetente.
Os críticos mais moderados elevam pensamentos de sublime compreensão, quase um “Pai, perdoai-lhes, não sabem o que fazem!
Outros, talvez mais arrivistas, pedem a cabeça do Presidente da República, do Primeiro-Ministro e de outros membros do Governo.
Também corre por aí à boca cheia que este governo não passa de um bando de garotos incompetentes com um senhor já de cabelos brancos à mistura, senhor esse que, apesar da idade que aparenta, ainda não passou as crises próprias da adolescência. Devem referir-se ao ilustre Ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, o qual destoa bastante no meio da garotada.

O texto que se segue tem por objectivo por fim à calúnia e ao insulto injustos, demonstrando a elevada competência e a sublime inteligência do bom governo de Portugal.
Aquele senhor das barbas, Karl Marx, exaustivamente chamado a este blog, referia que a queda tendencial da taxa de lucro se reflectia frequentemente nos movimentos da economia política burguesa. Como que uma irresistível força que os governos da burguesia tentam contrariar a todo o custo.
Ainda o mesmo barbudo explicava que, para travar e inverter esse processo de queda tendencial da taxa de lucro, o capital seria compulsivamente obrigado, em última instância, à destruição de valor.
Trata-se de destruir valor para restaurar a taxa de lucro, inteligente estratégia de recuperação em momentos de crises graves de acumulação de capital.
Aliàs, repetindo de novo o velho Marx, “o capital não pode permanecer, ou acumula, ou morre!”.
Claro que os gestores dos seus negócios, no nosso caso o bom governo de Portugal, têm que evitar a todo o custo a sua morte.
Pode doer, mas é melhor que morrer e ser definitivamente enterrado no cemitério da História.

A via eficaz é apenas uma: fustigar abruptamente o valor da mão-de-obra, desbaratar as empresas, gerar desemprego e miséria, com acentuada desvalorização dos activos.

No princípio deste mês de Junho o ilustríssimo e respeitável senhor Carlos Moedas, secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, explicava claramente esta estratégia: “choques necessários para corrigir os maus hábitos”.

Tentem os atentos leitores ver a coisa do lado da burguesia detentora da riqueza. O senhor fulano é dono de uma empresa que vale 100 milhões em equipamentos e gera um lucro de 3 milhões por mês. Portanto uma taxa de lucro de 3%. Ocorre uma crise e o governo, inteligentemente, numa tentativa desesperada de salvar o capitalismo, fomenta um processo de abrupta desvalorização ou destruição de capital. O desgraçado do capitalista deprimido arrisca a banca-rota e lá consegue vender a empresa por 10 milhões. Então, para o felizardo que a comprou na Feira da Ladra, a taxa de lucro pode subir para 30%.

Depreende-se que um governo que gere desta forma a salvação do capital e do domínio de classe da burguesia é um atento e competente estudioso de Marx.

É que na sua teoria das crises económicas, Marx demonstrava a imperiosa necessidade de destruição de capital, referindo-se à destruição do próprio valor em capital dos activos das empresas.

O que o bom governo de Portugal está a fazer é, simplesmente seguindo os ensinamentos de Marx, utilizar armas de destruição massiça através de medidas políticas macro-económicas que acentuam a desvalorização de activos.

Claro que há riscos. Qualquer acto político tem os seus riscos, mas ponderados pela própria burguesia no caso que aqui se aborda.
Compulsivamente fantástica esta destruição, relativamente insegura nos seus resultados, espera-se que funcione como regeneração estrutural e necessária da mecânica económica e social.
Para renascer em toda a sua pujança, o capital deve fazer as suas próprias vítimas, expurgar e extinguir atividades económicas que se tornaram obsoletas e travam a tão necessária acumulação.
Trata-se de um natural, mas brutal processo de reciclagem e renascimento: o capitalismo destroi é certo, mas cria e, depois, destroi de novo para de novo voltar a criar.

O competente e inteligente ministro Vítor Gaspar explica claramente no prefácio ao Documento de Estratégia Orçamental (DEO): “O crescimento da procura interna e o aumento do endividamento não conduziram ao crescimento económico (...) o período prolongado de estagnação económica é a prova inequívoca de que este regime não era sustentável.

É que o dito aumento da procura interna pressuporia maior rendimento disponível e maior poder aquisitivo. Contudo, a crise interna do capitalismo levou, a partir dos anos 90, a uma adivinhada estagnação caracterizada já por crescimentos débeis, interrompendo a necessária dinâmica de acumulação crescente e sustentável.

Com o processo liberal de Tatcher e Reagan, o desemprego aumentou significativamente, as empresas deslocalizaram-se para outras paragens e assistiu-se à desregulação laboral com marcadas quebras salariais. Tudo isto desvalorizou a força de trabalho e comprometeu o seu poder aquisitivo.
Este fenómeno, muito bem ajustado à lei da queda tendencial da taxa de lucro, acabou por fazer retroceder o consumo tornando excedentária a produção e desaguando na crise. Superprodução e subconsumo são o fundamento da crise.

O pânico começava a instaurar-se na burguesia capitalista atacada pelo pesadelo de uma possível extinção se não conseguisse romper com a crise. A burguesia em esquizofrenia aterrorizada pela baixa de lucro no negócio bancário, tenta o caminho do crédito dos juros baratos e joga no casino dos créditos transferindo o ónus da dívida para o sector público, livrando os privados, o grande capital bancário, de ter de pagar pela crise.
Aliás esta crise é, antes de tudo, a crise do sistema bancário e das suas loucuras durante a orgia neo-liberal. O crédito parecia compensar por algum tempo, criando contudo as condições para a bolha que viria a rebentar. E para não estar sempre a parafrasear o homem das barbas, já no princípio do século passado, os riscos sistémicos da festa do crédito foram, por exemplo, bem explicados por Rosa Luxemburgo

É então fundamental, na encenação do espectáculo burguês, no seio da população menos atenta (e maioritária), criar as condições subjectivas necessárias à prossecução das estratégias de recuperação da acumulação de capital, tão fulcrais para evitar a morte anunciada por Marx.

Repete-se à boca-cheia a falsa ideia de que o Estado gastava o dinheiro irresponsavelmente e que, também os cidadãos se tinham tornado gastadores compulsivos. Claro que era mentira, mas a mentira repetida à exaustão torna-se verdade subjectiva e todos (ou quase) passam a acreditar.

Na realidade, nem os Estados foram esbanjadores, nem sequer os cidadãos.
Mas é preciso instaurar o processo subjectivo. Instalar a crença de que o pobre do sem-abrigo, irresponsavelmente, decidiu comprar a prestações uma tenda de campismo a fim de melhorar as suas condições materiais de vida!
E assim ficam criadas as condições subjectivas para o espectáculo prosseguir.
Justifica-se igualmente a austeridade em oposição a medidas contra-cíclicas na medida em que, estas, conduzindo à expansão da massa monetária, gerariam inflação e levariam os credores bancários a enfrentar perdas e desvalorização dos seus créditos.
A dívida e a falência dos bancos, para os austeritários, tem de ser salva pelo povo, financiada com o abrupto empobrecimento dos trabalhadores, privados de qualquer apoio contra-cíclico, que têm de pagar pela festança do capital bancário na era do neo-liberalismo, para que este não arrisque sequer a mínima beliscadura no valor dos seus créditos.

Mas, inteligentemente, o grande ideólogo Gaspar vai mais longe. Vamos lá convencer ainda a malta de que a dívida soberana é também responsável pela crise, o que serve para justificar o agravamento da tão necessária austeridade.

À primeira vista a austeridade pode parecer uma insanidade política, económica e social. Contudo, o governo português que gere os negócios do capital não é um bando de loucos desprovidos de inteligência. É bom não os subestimar.

Então interroguemo-nos:
Porque é que o sector financeiro insiste numa política que impede o crescimento económico?
Porque é que há um sector capitalista que trava o crescimento da produção e da economia?

É que, de facto, a saída da depressão não constitui o interesse mais directo e imediato destas forças. Pungente para o capital financeiro é a política da guerra de classe contra os trabalhadores e contra os pequenos e médios negócios capitalistas.
É aproveitar para quebrar os sindicatos e destruir as redes de solidariedade constituídas em torno do Estado Social. As primeiras vítimas do austeritarismo são os funcionários públicos contra os quais se lançam campanhas terroristas de pavor económico e social.
O que parece animar a agressividade da política do capital é o aproveitamento da onda para destruir os mecanismos de solidariedade entre trabalhadores, em concreto o movimento sindical. Em geral, a linha austeritária visa obter uma abrupta desvalorização do valor da mão-de-obra para assim restaurar a taxa de lucro.

Marx cunhou a expressão capital fictício e dá-lhe conteúdo no capítulo 29 do livro III de “O Capital”. Trata-se de uma forma de capital-dinheiro, em vez de detentores de meios de produção e/ou de força de trabalho. O seu jogo é aceder à partilha do rendimento que as empresas de produção alcançam com a venda dos seus produtos. O juro, outros serviços da dívida e as rendas da terra constituem o fulcro desta forma de capital.
A austeridade é precisamente a maneira de privilegiar esta forma de capital sobre o capital produtivo, fazendo com que o valor extraído do processo económico pelo capital produtivo sirva afinal para satisfazer as obrigações contraídas para com o capital fictício. No fundo é garantir, antes de tudo, a renda dos credores sobre a produção e tornar o Estado e a economia nacional em sustendo válido e garantido dessa renda. A este processo tem sido igualmente atribuído o epíteto de “financeirização do capital”.

Neste contexto, em Portugal trava-se hoje uma luta titânica entre o ameaçado capital produtivo representado pelo PS, ou pelos seus sectores direitistas hoje maioritários, e o resplandecente capital fictício representado pelo PSD e alimentado pelos ideais dos seus parceiros alemães.
Tenta-se do lado austeritário que o capitalismo se torne cada vez mais parasitário e rentista, o que faz com que cada vez mais valor criado pelos trabalhadores vá, não para investimento directamente produtivo, mas para um sector financeiro não directamente produtivo e como se constata, largamente destrutivo.
A austeridade é a garantia da continuação da riqueza e poder deste sector do capitalismo hoje claramente representado pelo governo português.

Em conclusão, o governo português, maquiavelicamente inteligente e exímio estratega do capital fictício, está a executar um plano maduramente concebido e meticulosamente desenhado para fazer emergir o mundo novo do “capital financeirizado”, a nova fase do capitalismo europeu.

Desenganem-se então os que pensam que o governo de Portugal é um bando de incompetentes.
A generalização desta ideia é conveniente ao desenvolvimento do espectáculo encenado todos os dias pelo outro capital em competição com este, o ameaçado capital produtivo representado pelo PS.

Claro que existe uma contradição difícil de gerir. Sem capital produtivo não há capital fictício. Mas a acumulação de capital fictício requer o controlo afinado e preciso do primeiro pelo segundo. É um complexo desafio que o capital fictício tem que saber gerir com pinças e luvas brancas, porque o mais pequeno erro pode levar a um processo de recessão descontrolada, que pode ser dramática para o processo de acumulação do capital fictício. É um jogo delicado num trapézio sem rede. Consubstancia-se no namoro despudorado PS/PSD/CDS a que todos assistimos, obviamente numa espectacular encenação de contradição Oposição/Governo.

Voltando atrás. Não! Estão muito longe de ser incompetentes. Podem ser perversos, mal-formados, completamente desumanos, frios, calculistas, monstruosamente pérfidos. Mas é imensa a sua inteligência e sabedoria. Um Comité de Negócios do grande capital fictício que,subservientemente, o serve com toda a competência.
Com afinco e destreza destrói a economia nacional, abrindo também caminho à apropriação capitalista dos escombros do sector produtivo, que os reaproveitará reconfigurando-os em fantásticas oportunidades de negócio.
Que gera uma taxa insuportável de desemprego para criar mão de obra submissa e barata para servir a burguesia capitalista, fazer crescer o lucro do capital produtivo, rentabilizando ainda mais a acumulação de capital fictício.
Que tenta a todo o custo domesticar, através da chantagem, da ameaça e do terror os trabalhadores.
Que cria as condições subjectivas necessárias à criação de um sub-mundo de servos obedientes dos seus próprios interesses.
Que desapropria o Estado, diga-se, o povo, dos seus sectores-chave como a saúde, a educação, os transportes, a comunicação social, etc., porque estes se transformaram em fabulosos negócios, mas que têm que ser reconfigurados do ponto de vista produtivo, para aumentar o lucro fictício.
Que explora a natureza para além dos seus limites de sustentabilidade para, através da espoliação dos recursos naturais, possibilitar a acumulação crescente de capital tão necessário à manutenção do domínio de classe pela burguesia.

ENFIM, ESTE É O BOM GOVERNO DE PORTUGAL!
E são mesmo bons!!!

Mas... todos sabemos que o feitiço se pode virar contra o feiticeiro.

Cabe aos trabalhadores, na sua luta titânica, arrasar o feiticeiro.

 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

QUEM LUTA PODE PERDER OU GANHAR,
QUEM NÃO LUTA PERDE SEMPRE!

Temos ouvido amiudadas vezes esta frase proferida pelo Secretário-Geral do PCP.
Sábias palavras!

Poderemos metaforizá-la: “Não há Pai Natal, as vitórias não nos caem como moscas no prato da sopa”.

Mas necessitamos de a analisar e de a aprofundar.

 

LUTA? QUE LUTA? COMO?

O desemprego grassa em Portugal, mas já não se trata de reivindicar do poder burguês a reconfiguração da sua política numa política de pleno emprego. Torna-se estéril pedir, ou mesmo exigir do poder: “mãezinha, cria uma política de pleno emprego para os teus filhinhos que sofrem a chaga do desemprego”. A prossecução de uma política de pleno emprego só poderia ser concretizada através da tomada do poder pelo proletariado, da instauração da “ditadura do proletariado”.

Em Portugal luta-se pelo direito a um serviço de saúde para todos. Mas será estéril pedir, ou mesmo exigir ao governo da burguesia: “mãezinha, cria um SNS para os teus filhinhos que a ele não têm acesso”. Um SNS que abarque toda a população só poderá ser concretizado através da tomada do poder pelo proletariado, da instauração da “ditadura do proletariado”.

Em Portugal luta-se por um ensino universal e gratuito, pela “cultura integral do indivíduo” (Bento de Jesus Caraça), mas será estéril pedir, ou mesmo exigir ao governo da burguesia uma reconfiguração popular da política de ensino: “mãezinha, cria uma política de ensino popular para todos os teus filhinhos que não têm acesso à cultura e ao ensino”. Uma Reforma Geral e Democrática do Ensino só poderá ser concretizada através da tomada do poder pelo proletariado, da instauração da “ditadura do proletariado”.

Em Portugal luta-se pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores e do povo em geral, por uma política salarial e social que permita a subsistência digna e feliz para todos, mas será estéril pedir, ou mesmo exigir ao governo da burguesia uma reconfiguração popular da sua política social: “mãezinha, cria uma política social justa e equitativa para todos os teus filhinhos, para que possam ser felizes”. A melhoria das condições de vida dos trabalhadores e do povo em geral, uma política salarial e social que permita a subsistência digna e feliz para todos só poderá ser concretizada através da tomada do poder pelo proletariado, da instauração da “ditadura do proletariado”.

Poderiamos continuar um rol de etcetras e a resposta seria sempre a mesma: “a tomada do poder pelo proletariado, portanto da instauração da ditadura do proletariado”.

Mas não vale a pena ir mais longe. Os objectivos são formulados de forma muito clara no Relatório do Secretário-Geral ao Sexto Congresso do PCP e, antes disso, no Manifesto de 21 de Fevereiro de 1848.

É a tomada do poder que não pode ser apagada dos horizontes do proletariado.
Se assim não for, o proletariado não passará de mais um actor no espectáculo montado pela burguesia para a manutenção e reprodução do status quo que ela própria criou enquanto classe revolucionária em 1789 e que, desde então tem aprofundado e desenvolvido.

O proletariado encabeçado pela sua vanguarda revolucionária tem uma tarefa histórica que aprendeu com os ensinamentos de Outubro: tomar o poder, instaurar uma sociedade socialista rumo ao comunismo.

No cumprimento da sua tarefa histórica, o proletariado e as suas vanguardas têm que abandonar o palco do espectáculo montado pela burguesia.
O proletariado é a
classe da consciência, da revolução, da tomada do poder, da instauração de um regime igualitário e justo para o bem de todos.

E É ESTA A LUTA!
A luta que poderemos ganhar... se lutarmos, se, e só se lutarmos.

Porque é fundamental estarmos plenamente conscientes de que:

Messias, Deus, chefes supremos,
Nada esperemos de nenhum!
Sejamos nós quem conquistemos
A Terra-Mãe livre e comum!
Para não ter protestos vãos,
Para sair deste antro estreito,
Façamos nós por nossas mãos,
Tudo o que a nós diz respeito!


quarta-feira, 26 de junho de 2013

GREVE GERAL
já amanhã!
Há aqui um engano!!!
 
Não, a GREVE GERAL não é para lutar POR DIREITOS... é para lutar PELAS CONQUISTAS!
A GREVE GERAL é para lutar CONTRA!
A GREVE GERAL não é uma forma de RESISTÊNCIA...
A GREVE GERAL é mais um passo na OFENSIVA!
 
Os trabalhadores não se limitam em viver atrás de uma barricada de resistência!
Não se trata de RESISTIR!
 
Os trabalhadores LUTAM, ATACAM, TRANSFORMAM O MUNDO.
 
“Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo” (KM)
 
A TRANSFORMAÇÃO é tarefa dos trabalhadores na sua luta CONTRA!
 
Contra a “Sociedade do Espectáculo”!
Contra a burguesia!
Contra o capital!

Contra o comité de negócios do capital que é o governo da burguesia!
 
É tarefa de todos os trabalhadores e das suas vanguardas...
UNIR, ORGANIZAR, LUTAR!
LUTAR PELO PODER,
Porque "direitos" só o PODER dos trabalhadores os reconquistará!
 
Pelo poder, pela igualdade, pela equidade, pela justiça, PELA VIDA!

A PUTA DA EXCELÊNCIA
Saudosa homenagem ao Luiz Pacheco
 
 
TEOREMA DO LIMITE CENTRAL
Dada uma distribuição populacional de média μ e variância σ2, a distribuição amostral aproxima-se de uma distribuição normal à medida que N tende para infinito.
 





Ou seja:
O mundo é maioritariamente constituído por pessoas normais.

Inteligentemente, o grande arquitecto dos urinóis, guiou-se pelo Teorema do Limite Central.

A maior parte das pessoas é “normal”, ou seja, mija na região central do urinol.
“EXCELENTES” são aqueles que mijam na área pequenina do lado direito do urinol.
“MAUS” são aqueles que mijam na área pequenina do lado esquerdo do urinol.

Cada vez com mais acutilância, o espectáculo burguês, na sua necessidade pungente de reprodução do status quo social, leva à cena o teatro da “EXCELÊNCIA”.

"É para o menino e para a menina, sejam EXCELENTES, alimentem a nossa voracidade predadora e serão recompensados!".

Significa que quem mija à direita é premiado. Quem mija à direita é valorizado. Quem mija à direita é glorificado. Quem mija à direita é canonizado.

O espectáculo da“EXCELÊNCIA” contamina toda a sociedade, de tão bem montado que tem sido.

Laboratório de EXCELÊNCIA!
Herdade de EXCELÊNCIA!
Autarquia de EXCELÊNCIA!
Projecto de EXCELÊNCIA!
Funcionário de EXCELÊNCIA!
Fábrica de EXCELÊNCIA!
Escola de EXCELÊNCIA!
Até... merda de EXCELÊNCIA!

Portanto, mijar um bocadinho mais à esquerda, mijar ao centro como a maior parte das pessoas, ou até mijar no canto esquerdo do urinol, é a condenação ao ostracismo, à exclusão social, à segregação...

Mijas um bocadinho mais à esquerda e estás fodido.
Se fores funcionário público vais para a mobilidade.
Se fores operário, vais para o desemprego.
Se fores camponês, comerás o pão que o diabo amassou.

A Constituição da República, por enquanto, aplica-se a todos os cidadãos independentemente da direcção em que mijam.
Fazer de Portugal um país só para EXCELENTES é, no mínimo, inconstitucional.
Porque o direito à vida, à dignidade, ao pão, à paz, à saúde, à educação, à terra, à liberdade ainda é de todos.

Queremos ser normais, justos, solidários, repudiamos o espectáculo burguês da aberração da EXCELÊNCIA.

Somos nós, os não EXCELENTES, os que nos recusamos.
Nós, os não EXCELENTES que nem sequer fomos prendados com a dádiva divina de mijar à direita.
Somos nós que atulhamos barcos, combóios e autocarros de madrugada para ir criar mais-valias para os EXCELENTES.
Nós, os que somos explorados nos campos por uma côdea de pão porque não somos EXCELENTES mas alimentamos os EXCELENTES.
Nós, que com a força dos nossos braços construímos os palácios dos EXCELENTES mas que vivemos amontoados em lúgubres casebres insanos ou amontoados em míseros ghettos pomposamente chamados de "bairros sociais" porque não somos EXCELENTES.
Nós que não queríamos morrer de uma qualquer doença infecto-contagiosa, mas que morreremos sem assistência médica porque não somos EXCELENTES.
Somos nós que não mijamos à direita da EXCELÊNCIA, que constituímos os exércitos de desempregados e de explorados.
Nós, os que queríamos estudar mas nos impedem porque não somos EXCELENTES.
Nós, os que não queríamos morrer de fome, mas não somos EXCELENTES.

Mas cuidem-se os EXCELENTES, porque somos nós, os não EXCELENTES, a força da razão, a força da HISTÓRIA, a força da REVOLUÇÃO.
Borrem-se de medo, EXCELENTES, medo dos símbolos das nossas bandeiras vermelhas ou negras, porque nós, os não EXCELENTES, destruiremos os palcos dos vossos espectáculos de EXCELÊNCIA.
Borrem-se de medo, EXCELENTES, medo das palavras dos nossos hinos, porque nós, os não EXCELENTES, destruiremos os palcos dos vossos espectáculos de EXCELÊNCIA.
Borrem-se de medo, EXCELENTES, porque o futuro é nosso, porque somos milhões e milhões na Terra inteira.
Porque nós, os não EXCELENTES, somos o chão da REVOLTA, somos o sonho que comanda a Vida, somos a bola colorida entre as mãos de uma criança!!!
Borrem-se de medo, senhoras e senhores EXCELENTES, porque a LUTA DE CLASSES está na rua!
Somos nós, os não EXCELENTES, somos nós o vosso TERROR!

Quanto a vós, preciosos EXCELENTES?


PUTA QUE VOS PARIU!!!

 


 


A GREVE DOS PROFESSORES
DA ANABELA BRAGANÇA PARA O MST,
SEM MAIS COMENTÁRIOS.
 
(sem te pedirmos autorização, aqui partilhamos a tua carta)
 
Caro Miguel
Desde já peço desculpa pela familiaridade do trato, mas como nos conhecemos tão bem sinto-me no direito de ser mais tu-cá-tu-lá consigo. Li o seu artigo sem adulteração, aquele do Expresso do último sábado, do dia 15 de Junho de 2013. Escrevo a data completa porque a quantidade de textos que debita poderiam criar na sua cabeça alguma confusão sobre o espaço temporal a que me refiro. Devo dizer que é um texto bem escrito, daqueles que se aprendem a escrever quando se tem uma professora à moda antiga, das que nos ensinam a amar o saber e fazer da vida uma busca continua desse mesmo saber, das que nos ensinam a ter espírito critico, das que nos ensinam a pensar e a usar com racionalidade essa fundamental característica que é uma das que nos distinguem das restantes espécies da Classe Mammalia. Como se deu ao trabalho de fazer uma breve introdução romanceada do seu percurso pelo primeiro ciclo, então escola primária, vou, também eu, nessa breve introdução, sem as figuras de estilo que o Miguel usa, porque em mim a escritora não pode florescer por falta não de vocação que essa até tenho, mas de tempo, e a seu tempo entenderá o porquê. Então vejamos, em 1967 entrei na escola primária. A escola que me acolheu, uma das obras positivas do tempo assumidamente autocrático, era linda, branca, com casas de banho que por acaso não funcionavam mas estavam lá, com as paredes preenchidas pelos trabalhos de desenho dos meus colegas mais velhos que a minha arte ainda não se tinha manifestado. Sabe porque é que a minha escola era linda? Porque eu não sou filha de nenhuma escritora, nem nenhum deputado, nunca os meus olhos tinham visto tanto livro junto, e refiro-me a meia dúzia que havia lá pela minha escola de aldeia, longe de Lisboa e do Porto. Sabe Miguel, acredito que pense efectivamente que sabe, ou não tivesse sido aluno da D. Constança, as vivências da realidade são diferentes de ser humano para ser humano, e por isso o quadro feio e negro da escola do Miguel pode ser belo e muito colorido para alguns dos seus colegas de carteira. Mas deixemos isto e continuemos na saga do meu percurso escolar. Tal como o Miguel também na minha escola éramos muitos, tanto que nem me lembro do número, será porque isso nunca foi relevante? É que das pessoas ainda me lembro bem, das brincadeiras também, das aulas também… As duas salas estavam sempre cheias, como um ovo, havia dois turnos de aulas com 4 professoras, duas de manhã e duas de tarde. A mim calhou a D. Maria Isabel, uma mulher linda, com o seu cabelo cinzento e os lábios pintados de uma cor fabulosa, um tom de laranja doce. A D. Maria Isabel acabou de me ensinar a ler, que alguma coisa a minha teimosia já me havia feito aprender. Sabe Miguel, em algumas situações a teimosia é uma característica boa, de tal forma que no final do primeiro período já eu substituía a minha avó na leitura de “O amigo do Povo” às suas comadres analfabetas. Vou agora refrescar-lhe a memória em relação ao que era o primeiro período: – período de tempo que mediava entre Outubro e meados de Dezembro, suponho que entende o que lhe estou a dizer, mas se não informe-se junto de alguns psicólogos e pedagogos credíveis. Abreviando um pouco, e quase para terminar este parágrafo, devo dizer-lhe que a minha professora foi tão boa que em 3 anos resolveu comigo as questões que para muitos se resolviam em 4, e para outros muitos em mais de 4. Tal como a sua, também a minha deixou em mim um apetite voraz para as letras, chamava-me “papa livros” tal era a minha voracidade, e todas as semanas, levava de Coimbra para mim muitos livros. A minha professora Maria Isabel era uma mulher completa com marido, 3 filhos, sendo um surdo-mudo, pais e sogros. Vivia do seu trabalho e como tal faltou algumas vezes, pois não tinha possibilidades económicas para delegar responsabilidades. Mas sabe o que lhe digo, foram muitos os alunos que mandou para a universidade, que hoje até lêem o que o Miguel escreve com espírito crítico. Neste momento poderia considera-lo um mentecapto e situar este comentário no seu texto brilhante, mas não o vou fazer, porque o Miguel também teve uma boa professora na escola primária.
Mudando de parágrafo e de assunto, tal como o Miguel, sei que o país está à beira da bancarrota, mas na minha família só o direito ao voto responsabiliza por essa situação, sabe porquê? Nunca nenhum dos meus progenitores ocupou lugar em nenhuma das cadeiras da Assembleia da Republica, por partido nenhum quanto mais por dois e ainda mais relevante, nunca nenhum dos meus progenitores foi ministro. Sinto muito Miguel por ter que lhe lembrar que algumas das responsabilidades da miséria que crassa por esse Portugal fora tem genes que lhe foram a si entregues. Mais ainda, na minha família toda a gente produz, desde tenra idade. Sobre trabalho o Miguel, por certo, teria muito a prender comigo e com os meus.
Voltemos agora ao ainda cerne desta questão, a greve dos professores. Sabe Miguel, depois de ler o seu texto, volto a dizer, sem adulterações, fiquei a pensar se o seu sistema digestivo seria igual ao dos restantes mamíferos. E confesso que esta duvida já me assaltou algumas vezes frente aos seus escritos. Em relação aos professores o Miguel não sabe nada do que pretende dizer, seria bom e revelador de algumas sinapses activas, que se calasse até conseguir saber sobre o que se pronuncia. Eu sou professora, há já muitos anos, executo a profissão que sempre quis ter, lá por causa da minha rica professora Maria Isabel, e trabalho que me desunho, e não falto, e estou disponível para os meus alunos até para ser mãe. O meu horário semanal ( e o da maioria) tem sempre muito mais do que as 40 horas agora na moda, tenho que me preparar, nem sequer para cada ano é mesmo para cada turma, pois são sempre diferentes os alunos e as suas interacções; tenho que os avaliar, e isso exige muito pois sou acérrima defensora da avaliação formativa; tenho que tentar manter-me actualizada pois lecciono uma disciplina das ciências mais vanguardista, e isso requer muito tempo ( percebe agora porque não me dedico mais à escrita?). Eles, os meus alunos, que são quem me importa, sabem disso! Acho de uma arrogância tola o Miguel vir pronunciar-se sem saber do que fala. Eu também sou leitora e agora vou aqui falar de um escritor medíocre que já li. Vou tecer comentários sobre obras e escrita que conheço, não sobre números de origem duvidosa! O Miguel escreve com a qualidade necessária para ser comercial, isto é para ganhar dinheiro, muito por sinal. Quer assumir-se como um Eça? Sabe que está a anos luz, sobra-lhe a capacidade descritiva, mas falha nos pormenores, vou dar-lhe um exemplo concreto: descreve cenas de sexo/amor com minúcia, mas impraticáveis por imposição das leis da física. Tenta ser um critico social, mas o seu azedume natural tira-lhe a graça e a leveza que tornam Eça sempre actual. Poderia continuar mas acho que já conseguiu perceber onde quero chegar. O Miguel é um escritor medíocre, mas isso não faz com que todos os escritores de Portugal o sejam, repare a sua mãe até ganhou um prémio Camões. Até sei que vai pensar que estou a ser ressabiada, será um argumento de defesa legítima uma vez que o estou a atacar, mas totalmente desprovido de verdade. Entenda o que lhe quero dizer de forma clara, há professores medíocres mas a maioria é bastante boa, empenhada e esforçada. Esta greve serviu apenas para mostrar ao governo que o caminho da mentira e do enxovalhamento publico tem que acabar. Os direitos dos alunos estão a ser salvaguardados, é certo que temos menos alunos, mas também é certo que cada ano as turmas são maiores e os problemas sociais, que entram sempre pela sala de aula dentro, são cada vez mais. Sabe Miguel, seria mais proveitoso para os alunos trabalhar em salas com menos crianças/jovens e consequentemente menos problemas do que em salas cheias até à porta. Sabe que assim poderíamos desenvolver o espírito critico desses jovens e aí as coisas mudavam um pouco… Já imaginou um país em que a maioria dos cidadãos tivesse espírito critico? Imagina o destino que seria dado aos medíocres? Acha que haveria lugar a tantas PPP’s? Acha que o dinheiro do Estado Social (faço aqui um parêntesis para lhe dizer o que é o estado social, que eu sustento: EDUCAÇÃO, SAUDE e SEGURANÇA SOCIAL) seria desbaratinado em manobras bizarras sem que fossem pedidas contas? Acha que os gestores das empresas publicas que acumulam prejuízos continuariam a ser premiados? Acha que se assistiria a uma classe politica corrupta, incompetente e desavergonhada de braços cruzados? Acha que haveria prémio para a mediocridade de textos que vendem como cerejas à beira do caminho? Ai Miguel depois destas questões até o estou a achar inocente… acabei de ficar com aquele sorriso que dou aos meus alunos travessos, mas simples, só que para eles é para os conduzir ao bom caminho, para si é mesmo com condescendência.
Falou no seu texto no estado calamitoso em que se encontram as contas públicas, e sou forçada a concordar consigo, só tenho pena que apenas consiga ver o erro, e lhe falte a coragem para imputar responsabilidades. O país está neste estado por causa dos decisores políticos e dos fazedores de opinião, entre os quais o incluo. A má gestão é que nos levou a este marasmo, não fui eu, nem os meus pais. Desde muito jovem que justifico o que como, foi assim que fui educada, é assim que educo os meus filhos e até os meus alunos, dentro do possível. Da má gestão posso ser responsabilizada por votar, mas sempre o fiz em plena consciência, acreditando que dava o meu voto a um ser humano digno. E continuo a fazê-lo! Quanto aos fazedores de opinião é um problema acrescido, porque esses nascem do nome que carregam, tal como o Miguel bem sabe. Por isso lhe digo em jeito de conclusão, este texto só será lido em blogues, porque o apelido Bragança não me abre as portas dos jornais. Fique bem Miguel e quando não conseguir mais dormir, por ter tomado consciência da sua responsabilidade pessoal no estado em que se encontra o país, não pense logo em suicídio, tome primeiro Valeriana e se não resolver tome Xanax.
 
Anabela Bragança, professora de Biologia, ainda com alegria e orgulho!
Coimbra, 19 de Junho de 2013


terça-feira, 25 de junho de 2013


APRENDER COM A HISTÓRIA, APRENDER, APRENDER SEMPRE!!!


Em Moscovo, a 22 (9) de Janeiro de 1905 eclode uma revolução. Faltam 12 anos para 1917.Na grande mãe Rússia a crise económica atinge sobretudo o proletariado e o campesinato.
Os estudantes já se tinham manifestado em Moscovo, Kharkov e Kiev em 1901.
A greve de Rostov em 1903 prepara um terreno de agitação no qual se irá alicerçar a acção dos comités revolucionários.
Esta acção representa um salto qualitativo crucial na luta política do proletariado: as reivindicações deixam de ser profissionais e passam a ser políticas.
A tensão social acentua-se e o governo czarista, impotente, vacila. Prefiguram-se os acontecimentos de 1917.
Revoltas camponesas, motins militares e o nascimento dos sovietes de marinheiros e operários em São Petersburgo e em Moscovo que tentam organizar um poder político, marcam os últimos meses de 1905.
Enquanto o soviete de São Petersburgo (dominado pelos mencheviques e presidido por Trotsky) constitui um governo revolucionário, o de Moscovo decreta a insurreição popular armada. Será esmagado pelo exército czarista em Dezembro.
Uma feroz repressão faz recuar o movimento contestatário, mas a revolução já está inexoravelmente em marcha.
A partir de 1910 o movimento operário reconstitui-se e leva atrás de si, em 1912, uma massa de mais de 700000 trabalhadores, entre os quais uma élite politizada que segue as palavras de ordem dos partidos revolucionários.
As greves e as manifestações operárias, como as revoltas camponesas, revelam o carácter político de uma agitação organizada favorecida pelos excessos de poder.
As vanguardas revolucionárias têm então um fim no horizonte – a tomada do poder!
Lenine é sábio na elaboração da estratégia. Está consciente daquilo que aprendeu em Marx e com a prática. É inexorável a tomada do poder. Haverá certamente avanços e recuos, a luta será encarniçada e muitas vezes dolorosa.
Terá que se lutar para vencer a ditadura da burguesia (hoje chamam-lhe jocosamente “democracia”) e abrir caminho ao poder proletário, à “ditadura do proletariado”, à “democracia popular”.
A criação de condições subjectivas e objectivas vai muito para além das reivindicações laborais e da manifestação do descontentamento das massas populares.
Existe no POSDR a clara consciência da necessidade do salto reivindicativo: as reivindicações deixarem de ser profissionais e passarem a ser políticas.



segunda-feira, 24 de junho de 2013

O PROJECTO



A burguesia foi, até hoje, a única classe revolucionária que tomou, assumiu, exerceu e manteve, de facto, o poder. Porque sem poder, uma classe não pode exercer o seu domínio, não pode por em prática o seu programa.
O exercício do poder conquistado pela burguesia revolucionária de 1789 só tem sido possível, nas suas diversas reconfigurações, através de uma inteligente e dinâmica plasticidade adaptativa que até hoje tem sido capaz de enfrentar todas as vicissitudes, reconfigurando-se permanentemente em resposta a essas mesmas vicissitudes.
A principal lição que podemos tirar das revoluções burguesas é exactamente a necessidade que, para o exercício do seu domínio e o cumprimento do seu programa, uma classe revolucionária necessita de assegurar o exercício do poder.
O programa de 1789 era magistral. Consubstanciava-se na Declaração dos Direitos do Homem. Definiam-se princípios que viriam, a partir daí, a influenciar a história da Europa e do mundo e que ainda hoje fundamentam as doutrinas de todas as “democracias” do ocidente.
Inteligentemente, consagrava-se a igualdade de todos os cidadãos perante a lei, mas escamoteava-se o problema da desigualdade económica entre os homens.
Revolução feita por burgueses para a satisfação dos seus desígnios que não poderiam ser sustentados por decrépitas formas jurídicas feudais, manteve e reforçou as diferenças de classe que se fundamentam na posse de quantidades crescentes de capital.
Foi, de facto, uma revolução em defesa e em benefício da propriedade privada dos meios de produção, alicerce fundamental do domínio de classe que viria a ser exercido até aos nossos dias.
Como a burguesia, também o proletariado tem o seu projecto e o seu programa. Foram claramente definidos no no Manifesto de 21 de Fevereiro de 1848, cuja actualidade, 165 anos depois, é inquestionável.
Como já o tinha sido para a burguesia revolucionária de 1789, também para o proletariado, o cumprimento dos seus objectivos de classe requer a tomada e o subsequente exercício do poder.

O IMEDIATO





Em Portugal existem questões prementes imediatas que se colocam aos trabalhadores e às suas vanguardas:

1. Como agir à beira de uma crise que impõe a demissão do governo?

2. Como demiti-lo quando o poder está consonante entre Presidência da República, o governo e a maioria parlamentar?

3. O que fazer num quadro em que uma nova maioria de centro-esquerda e esquerda se pode constituir no próximo parlamento sem niguém poder formar governo sozinho?

4. Qual deverá ser a política de alianças a defender pelos trabalhadores?

5. Como enfrentar as manobras do CDS e de sectores do PSD para se posicionarem num proximo governo em eventual aliança com o PS numa recauchutagem de bloco central?

6. Como enfrentar o próprio sector de direita do PS que tudo faz para esconjurar aproximações à esquerda e tudo faz para impor um acordo com a direita?

7. Qual será a estratégia para a política económica de um governo de esquerda que eventualmente se possa constituir?

8. Qual a base mínima para um acordo parlamentar ou de governo?

Estes cenários imediatos que que se colocam aos trabalhadores e passam por políticas de alianças históricas mas circunstanciais, não podem, em nenhum momento, ofuscar os seus objectivos últimos nos quais se devem centrar as estratégias das suas vanguardas: a tomada efectiva do poder e o seu exercício, única forma de cumprir os objectivos de 21 de Fevereiro de 1848.
Em qualquer processo revolucionário, sempre houve alianças circunstanciais de classe. Em 1789 a burguesia jacobina, tolerou e soube aliar-se aos sans-cullotes, no seio do seu próprio partido, aos Hebertistas e Pachistas, aliança que durou até que, primeiro Danton e depois Robespierre se aperceberam do perigo que representava para a própria burguesia o possível domínio do proletariado urbano de Paris e do campesinato da Montanha.
A liquidação estratégica dessa aliança consubstanciou-se no refluxo revolucionário da burguesia em 1794 que, de recuo em recuo, de cedência em cedência no seu espectáculo ainda mal encenado, após a liquidação de Robespierre e Saint-Juste, culminou em 1799 com o início do espectáculo Bonapartista.
Mas o espectáculo burguês estava em marcha. Inexorável, já tinha a sua própria dinâmica. A burguesia a sua resiliência, e as reconfigurações eram, apesar dos avanços e recuos, já imparáveis.