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As duas únicas classes que
correspondem efetivamente à teoria de Marx, as duas classes puras às quais
conduz toda a análise no Capital, a burguesia e o proletariado, são
igualmente as duas únicas classes revolucionárias da história, mas a títulos
diferentes: a revolução burguesa está feita; a revolução proletária é um
projeto, nascido na base da revolução precedente, mas dela diferindo
qualitativamente. Ao negligenciar a originalidade do papel histórico da
burguesia encobre-se a originalidade concreta deste projeto proletário, que
nada pode atingir senão ostentando as suas próprias cores e conhecendo «a
imensidade das suas tarefas». A burguesia chegou ao poder porque é a classe da
economia em desenvolvimento. O proletariado não pode ser o poder, senão
tornando-se a classe da consciência. O amadurecimento das forças
produtivas não pode garantir um tal poder, mesmo pelo desvio da despossessão
crescente que traz consigo. A tomada jacobina do Estado não pode ser um
instrumento seu. Nenhuma ideologia lhe pode servir para disfarçar fins
parciais em fins gerais, porque ele não pode conservar nenhuma realidade
parcial que seja efetivamente sua.
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